terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

SLIPKNOT PESO BIZARRO E SUBLIMINAR

O Slipknot, cujo nome já contém, por si só, uma tendência à exploração do bizarro, nasceu em 95, e fundiu, esteticamente, os elementos cênicos de Marilyn Mason, a música no estilo pára-continua do alterna metal, incluindo chupações escancaradas de bandas como o Sepultura, sobretudo nos vocais gritados, tudo a serviço do quanto mais escrachado/bizarro/esporrento melhor. Daí o palco lotado com nove integrantes (nem todos necessários), o uso de macacões, das máscaras de filmes de terror, dos nomes dos integrantes, inicialmente apenas números de 0 a 8, e assim por diante. A formação? Corey Taylor (vocais), James Root e Mick Thompson (guitarras), Paul Gray (baixo), Joey Jordison (Bateria), Sid Wilson (DJ), Craig Jones (samplers) e Chris Fehn e Shawn Crahan (percussão).
O primeiro registro da banda em disco aconteceu em 96, com Mate.Feed.Kill.Repeat, bancado de forma independente, mas que foi o suficiente para chamar a atenção do produtor Ross Robinson, que contratou o grupo para estrear seu próprio selo, o I AM Records. Depois de muita badalação e de grande sucesso no Ozzfest de 98, no ano seguinte saiu, pela Roadrunner (Robinson passou o ouro adiante) o homônimo álbum de estréia, que colocou a banda no mapa da música pesada em todo o mundo. Naquele ano, o Korn já vinha pegando um pouco mais leve, e o disco foi considerado renovador pela crítica especializada, ao passo que o visual da banda e a parafernália e a performance de palco encantavam a garotada por onde o Slipknot passava. Resultado: em 2000, Slipknot, o álbum, foi disco de platina e passou a ser o mais vendido da história de da gravadora, com cerca de três milhões de cópias.
Em 2001, Iowa, o segundo disco, foi lançado, mas não atingiu o mesmo sucesso de seu antecessor. Mais pesado, extremou ainda mais o conceito da banda. Cansados da badalação, os nove integrantes resolveram dar um tempo, relaxando em projetos solos.
Mas a música do Slipknot continua em voga, e chegou a vez de Vol. 3: [The Subliminal Verses]. De novidade no disco só a troca de produtores: agora é o sinistro Rick Rubin que está com a batuta. Mas as fórmulas consagradas desde o início estão lá: as máscaras (um pouco aperfeiçoadas, é verdade), os macacões e o esporro usual, e, como no início, a inclusão no cast de mais um Ozzfest. Só que o mundo mudou, e hoje o nu-metal segue em franca decadência nos Estados Unidos, justamente pela fala de renovação. Para saber a quantas anda a banda atualmente, batemos um papo com o baterista Joey Jordison, por telefone, numa entrevista exclusiva.
Dynamite: Antes do lançamento do último disco, Corey Taylor havia declarado que ele mudaria o mundo ou faria com que o mundo destruísse a banda. Já chegaram à conclusão do que o disco representou? Joey Jordison: O Corey disse isso? Eu não acho que seja bem por aí. Nunca ouvi isso e acho até bem estranho. Mas o disco vai indo bem, sim.
Dyna: As músicas de Subliminal Verses são mais cantadas do que gritadas. Por que isso aconteceu? Joey: Eu não concordo com isso. Acho que o disco tem tanto grito quanto coisas mais cantadas. A voz do Corey indica onde a banda quer ir e é para onde rumamos. Nós nos sentimos confortáveis desse jeito. Ele está na nossa frente e nós ficamos atrás.
Dyna: Mas os singles de maior sucesso do Slipknot são sempre as músicas cujos vocais são mais melódicos, como é o caso de Wait And Bleed, Left Behind e Duality. Como você explicaria isso? Joey: Acho que as pessoas simplesmente não estão preparadas para receber uma faixa agressiva como single. Mas mantemos a agressividade nos discos, é assim que as coisas são. As próprias pessoas escolhem isso dessa forma.
Dyna: O que o Rick Rubin trouxe de diferente para o som do Slipknot? Joey: Não acho que Rick tenha mudado nosso som, ou algo do tipo. Ele quis que nós trabalhássemos com toda a abertura possível para que tudo saísse como nós realmente somos, de verdade. Ele não mexeu na estrutura das músicas, nem nada assim. Ele deu algumas sugestões de vocal ao Corey, mas não quis mudar nada, só mostrar o que nós somos capazes de fazer.
Dyna: O novo disco não é tão pesado quanto os outros. Você concorda com isso? Joey: Esse disco é uma nova história. Você deve achá-lo mais leve porque tem algumas músicas com violões. Deve ter umas três músicas que não são tão pesadas quanto as demais, mas outras, como The Blister Exists, Pulse Of The Maggots, Welcome e The Virus Of Life, por exemplo, são todas brutais. O disco só traz novas cores. E foi isso mesmo o que quisemos fazer com ele.
Dyna: As bandas que se apresentam com máscaras tendem, cedo ou tarde, a se desmascararem, como aconteceu com Kiss, Alice Cooper, Mudvayne, etc. Já que isso parece inevitável, vocês já pensaram em quando e como isso vai acontecer com o Slipknot? Joey: Eu acho que as máscaras são parte do que a banda é. Não que eu não seja o mesmo cara quando tiro ou coloco a máscara. Mas elas são tanto um atrativo para os fãs quanto para a própria banda. É claro que a música vem em primeiro lugar. Mas não vejo um momento em que nos apresentaremos sem máscaras.
Dyna: O nu-metal parece ser um segmento da música que não evolui. Existe muita repetição. Você concorda com isso? Como você vê o Slipknot nesse segmento? Joey: Eu vejo muitas bandas usando o termo nu-metal até como uma forma de marketing. Eu creio que nós tenhamos sobrevivido a essa ceninha justamente por trazermos algo de diferente. Realmente existe muita repetição, muita falta de originalidade.




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